Cliff Walkers segue 4 espiões chineses tentando chegar na cidade dominada por japoneses de Harbin, onde devem aguardar por futuras instruções. No entanto, os fascistas estão cientes de seus planos, e enviam seus próprios agentes para se infiltrar e sabotar a missão.

Esse filme põe espiões para fazer aquilo que fazem de melhor: lidar com informações. A primeira cena mostra os protagonistas se dividindo em 2 grupos, sem rádios ou outras maneiras de estabelecer contato. Mais pra frente, um dos grupos descobre está sendo observado, e devem informar seus parceiros disso sem denunciar suas identidades. Numa outra cena, uma reunião deve ser marcada sem que os membros se encontrem. O desafio de enviar/receber informações é o motor que move o filme. Os japoneses suspeitam de um infiltrado, então eles tomam cuidado com quais informações são entregues a cada membro. O filme segue nesse vai-e-vem, alternando entre cenas seguindo as equipes japonesa e chinesa. Todos os personagens têm a mente afiada, e manobram bem para esconder ou extrair informações dos outros. A tensão começa aos 5 minutos e dura durante a sessão inteira. É exatamente como deveria ser um filme de espiões.

Uma espiã com um chapéu preto observando de um canto.

Apesar de o roteirista dizer que esse é um filme onde espiões são “retratados como humanos com emoções”, eu não consegui desenvolver laços com nenhum dos personagens. No entanto, eu não diria que isso é uma coisa ruim; pelo contrário: nos momentos em que os personagens falam de seu passado a situação é mais calma, diminuindo a emoção do filme. O filme faz bem em usar uma fração menor de sua duração (de 2 horas) para essa categoria de cena, deixando o resto para seu o melhor aspecto: a tensão.

Infelizmente, eu não posso dizer que aproveitei o filme ao máximo. Houve momentos onde eu não conseguia absorver novas informações rápido o suficiente. Todos os personagens vestem roupas parecidas, o que dificulta distinguir entre eles. Isso leva a cenas onde você simplesmente não entende o que acabou de acontecer, e o que isso significa para a história. Um suplemento ótimo seria um flowchart de personagens/eventos.

Até onde consegui pesquisar, esse filme é, na verdade, a prequel da série de 2012 “悬崖” (Cliff) do mesmo roteirista, Quan Yongxian. Em uma entrevista, ele disse que em 2015 já havia escrito o script para uma prequel, dividido em 60 episódios. Se esse filme tivesse mesmo sido uma série — ou até mesmo um livro —, onde os eventos poderiam fluir em um ritmo mais agradável, teria absolutamente sido um must-watch.

Tudo considerado, é um ótimo filme, e eu recomendo a todos que têm interesse que o assistam. Você provavelmente vai por vezes coçar a cabeça, e ter até vontade de voltar a reprodução um pouco para entender o que está acontecendo, mas o filme é muito bem aproveitado sem o supracitado flowchart.